Anne Frank
- contaroholocausto
- 27 de mar. de 2017
- 3 min de leitura
Anne Frank tinha apenas 15 anos quando morreu num campo de concentração nazi. Tal como ela, cerca de um milhão de crianças e jovens judeus foram mortos nos campos de concentração alemães. Crianças e jovens de quem muito pouco sabemos. Na maior parte dos casos, nem o nome. E se conhecemos Anne Frank, foi porque ela nos deixou um Diário que nos fala de si e da sua família, dos seus medos e das suas esperanças, da sua dor e do seu espanto, num mundo que parecia ter enlouquecido à sua volta.
Anne Frank nasceu em 1929, na cidade alemã de Frankfurt. Em 1933, ela, os seus pais e a sua irmã Margot mudaram-se para Amesterdão, na Holanda, para fugir às perseguições nazis. Mas nem aí estavam seguros. Em março de 1940, os Alemães invadem e ocupam a Holanda. Pouco tempo depois, os Judeus holandeses, tal como sucedia por toda a Europa ocupada pelos nazis, começaram a ser presos e deportados para campos de trabalhos forçados, no leste da Europa. A família Frank decide então esconder-se. E, entre 1942 e 1944, os Frank e outra família judaica refugiam-se no anexo de uma casa onde o pai de Anne tinha tido os escritórios da sua pequena empresa. Não podem sair à rua e vivem constantemente sob a ameaça de serem descobertos pela Gestapo. Graças à ajuda de alguns amigos holandeses, conseguem sobreviver todo esse tempo.
Foi nos anos da clandestinidade que Anne escreveu um diário. Escrevia-o sob a forma de cartas a uma amiga imaginária, Kitty, sem qualquer intenção de um dia o dar a conhecer. Anne escrevia para si própria, para «aliviar o coração», como dizia. Forçada a viver em cativeiro («Sinto-me como um pássaro a quem cortaram as asas e que bate, na escuridão, contra as grades da sua gaiola estreita»), Anne lança para o papel a sua revolta de adolescente vítima de uma intolerância impiedosa e brutal. A reclusão forçada acentuou o seu espírito de observação e a sua sensibilidade. A morte, sempre à espreita, como que obrigou Anne a ser «adulta antes do tempo». As suas palavras, num estilo simples e direto, são um documento de valor universal: as lágrimas humanas têm todas o mesmo sabor.
Subitamente, no dia 1 de agosto de 1944, o Diário de Anne Frank é interrompido. A Polícia assalta o anexo e prende os seus habitantes, ao todo oito pessoas.
Anne e os seus companheiros de refúgio tinham sido descobertos pela Gestapo devido a uma denúncia. Poucos dias antes, ela tinha escrito no seu Diário estas palavras generosas: «Creio no que há de bom no ser humano».
Anne foi levada primeiro para o campo de concentração de Auschwitz e, depois, transferida com a sua irmã para o de Bergen-Belsen. Aqui, sofreram maus tratos, passaram fome e sede até ficarem esqueléticas e doentes. Por fim, em março de 1945, Margot e Anne morreram de tifo, ao que se supõe. Da sua família, apenas o pai sobreviveu.
Pouco tempo depois do fim da guerra, dois amigos holandeses dos Frank descobriram, por acaso, as folhas manuscritas do Diário, entre velhos livros e jornais. A voz de Anne parecia ter-se levantado do túmulo, rompendo o silêncio que os nazis quiseram impor a milhões de vozes. Publicado em quase todas as línguas do mundo, o Diário de Anne Frank tornar-se-ia um dos mais comoventes relatos do imenso sofrimento provocado pela barbárie nazi.

Fonte: IN, Dossiês Temáticos, Manual, História Nove, Raiz Editora, 2015
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